O Rock Brasileiro que a Mídia não mostrou


Há muito tempo isto é escondido de você. Existe um mundo que você vê e encara como real, e um outro mundo secreto, mas verdadeiro. Não é culpa sua que você não enxergue este mundo verdadeiro, não é culpa de ninguém. Eles fazem isso há muito tempo. E quem são eles? São a Mídia, a Sociedade e o Sistema, os 3 Poderes que alienam as pessoas, deixando-as atordoadas e acomodadas com o que chamam de "bom". E o que isto tudo tem com Rock? Simples: a Mídia sempre mostra o falso Rock, ou só uma parte do verdadeiro. Não são Skank e Nx Zero que o Brasil tem em sua cultura rocker, já que nem Rock estas duas bandas são. Infelizmente não dá para mostrar o Rock verdadeiro que o Brasil tem: você deve ver por si próprio.

Clicando na imagem abaixo, você terá acesso ao documentário Ruído de Minas, que mostra a história do Heavy Metal em Belo Horizonte, Minas Gerais. Mas antes de vê-lo, você vai precisar de uma introdução. Esta, leitor, é a história verdadeira do Rock no Brasil que a Mídia não mostra...



Origens
Na década de 80, com o fim da ditadura, o Brasil abriu espaço para o estrangeirismo, popularizando mais o Rock N' Roll, que só tinha movimentos pequenos como a Jovem Guarda, apesar de sua grande repercussão. Isso mudou quando no início dos anos 80 vários estados brasileiros mostraram cenas de Rock/Heavy Metal diferentes:

Em Brasília surgiu o Punk Rock, em oposição ao governo central e burguesinhos escrotos. Em Brasília surgiu Plebe Rude, Aborto Elétrico (que deu a luz aos filhos abortados Capital Inicial e Legião Urbana) e uma cena do Punk Rock, que se irradiou em outros estados como Rio Grande do Sul e São Paulo. Já no No Rio de Janeiro e São Paulo surgiu o chamado Pop Rock Brasileiro, que tem bandas como Blitz, Ira!, Engenheiros do Hawaii, Paralamas do Sucesso, Kid Abelha, Barão Vermelho, e outros consagrados até hoje, sendo ícones da música nos anos 80. Já o primeiro brilho de Heavy Metal que o Brasil viu veio de Belém do Pará com a banda Stress, e logo depois no Rio com o Dorsal Atlântica. Apesar da pouca repercussão no país, Minas Gerais absorveu essas influências e foi a cidade que abraçou o Heavy Metal. Assim surgiram Holocausto, WitchHammer e Sarcófago, e mais precisamente em BH, o Chakal, Overdose, Sexthrash e The Mist, que se dividiam entre Thrash, Death e Black Metal.


Principais influências
De início, BH nao tinha um ritmo musical característico ou alguma coisa que trouxesse uma identidade à cidade, o que facilitou esta a adotar o Heavy Metal como parte de sua cultura, assim como a Finlândia adotou o Metal Sinfônico como ritmo característico.

Além disso, as bandas que os grupos de BH falaram no documentário que receberam influência foram: Twisted Sister, Accept, Motörhead, Kiss, Anthrax, Manowar, Venom e Iron Maiden. Quando estes grupos de BH ouviam tudo isto, pensavam em fazer um som mais pesado, principalmente mais pesado que o Iron, que era considerada (era?) a melhor banda da época. O resultado: todos os grupos de BH conseguiram fazer sons mais pesados, e como dito antes, divididos entre Thrash, Death e Black Metal.


BH Heavy Metal
A cena metaller em BH causou repercussão em programas de rádio e TV locais, que não tinham atrações chamativas na época e decidiram mostrar o que BH tinha de novo pra mostrar: puro Heavy Metal. Vários gringos vinham para BH para ouvir o novo som pesado brasileiro, e bandas de renome lá fora vieram rapidinho quando souberam que BH também era True.

Com a cena em alta, BH virou a nova Woodstock. O Espírito do Rock imperava nas ruas de BH, tanto que haviam brigas entre punks e blackeneds, headbangers e playboys burguesinhos que Cazuza odiava tanto. Além disso, as bandas nativas tiveram muito reconhecimento no Brasil, mas um conhecimento mínimo fora do país. Isso se deve à escolha delas de cantar em português. Como elas mesmo dizem: não fazemos som lá pra fora, e sim pra aqui dentro.

Cada banda que nasceu em BH tinha uma característica especial. O Sarcófago por exemplo, ficava em oposição à Igreja, que era tão importante em BH quanto a Inquisição na Idade Média. A Igreja era opressora e não deixava ninguém fazer nada. Com isso, o Sarcófago começou a adotar uma roupagem anti-cristã. Logo as pessoas que não sabiam a mensagem que o grupo queria passar os rotularam como satânicos. Vendo isso o Sarcófago assumiu roupagem satânica de vez, buscando polêmica e de quebra assustar algumas velhinhas com suas letras políticas e criticando o controladorismo da Igreja. O Sarcófago falou ainda que as bandas de Black Metal estão para chocar mesmo, pois nenhuma faz pacto com o demo e bebe sangue de virgens depois de um ritual necromântico à meia-noite ouvindo Chicllete com Banana nem coisa parecida.

Outra banda que foi mal entendida foi o Holocausto, que pelo nome, podemos pensar que é uma banda nazista. Um grupo neo-nazista verdadeiro até convidou o Holocausto para integrar o movimento anti-Black, pela banda ter roupagem de guerra e suas letras que exploravam a ideologia de Hitler e a 2ª Guerra Mundial. Mas o Holocausto recusou a proposta, já que não era nazista de verdade. A banda também recusou a proposta porque não faria muito sentido um povo multiétnico como o brasileiro ser neo-nazista... Nós estamos longe de ser uma raça ariana!

Ressaltando um detalhe que alguém deve ter notado: o Sepultura, banda também de BH não foi citada até agora. Acontece que ela é tida como "vendida" pelos outros grupos, já que o Sepultura fazia letras em inglês, buscando fama o exterior. Algumas bandas from BH também guardam uma certa raiva pela banda, pois quando ela fez sucesso lá fora nem se deu ao trabalho de divulgar as outras bandas de Minas que também faziam Metal de qualidade. O vocalista do Sarcófago falou também que o Sepultura não influenciou em nada as bandas de Metal na sua época, visto que todas nasceram das mesmas influências e praticamnte nenhuma começou antes da outra. Claro que o Sepultura é um ícone do Metal brasileiro, mas não deve ser levado mais que isso.


Mundo normal
Com vários festivais e shows, inclusive o nascimento do projeto Rock In Rio acontecendo, a grande Mídia não poderia deixar de noticiar estes acontecimentos - o que não quer dizer que não poderiam deturpá-los e mostrá-los com outros olhos, enganando as pessoas não familiarizadas com o assunto. Rapidamente a grande Mídia implantou na cabeça dos telespectadores os velhos conceitos que a Mídia americana (leia-se mundial) tem sobre o Rock e Heavy Metal: os fãs do estilo são malucos, drogados, baderneiros, criadores de confusão, marginais, depravados, pervertidos, descontrolados, sem-cultura e outras denominações parecidas. Isso foi suficiente para que os alienados acreditassem e chegássemos ao cenário atual: todo mundo achando que Skank, Jota Quest, Nx Zero e Cine são Rock. Algumas pessoas até se perguntam onde foi parar o bom Rock que hoje está nas mãos dos adolescentes, devido à crença que estas bandas são de Rock, o que logicamente não são.

Sim, é difícil pensar dessa forma quando somos ensinados há vários anos que isto é Rock... e vemos o impacto que este simples pensamento gera: rejeição pela Sociedade que ainda valida estas bandas como Rock; desprezo do Sistema que não oferece acesso à informações e uma proximidade maior com o gênero; e ignorância da Mídia, que simplesmente não quer saber se você está interessado em um assunto, e ao invés disso impõe e apresenta aquilo como verdade.

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Como é possível que BH tenha sido quase uma Woodstock sem o conhecimento das pessoas? Sai da Matrix e descobre um mundo novo